O projeto Rádio pela Educação, realizado pela Diocese de Santarém (PA) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, incentiva a implantação de rádios internas nas escolas da rede. A ação começou ano passado e já está em 9 unidades de ensino, ajudando a estimular o protagonismo juvenil e a mobilização da comunidade escolar.
Os equipamentos para montagem do sistema de som são enviados pelo projeto, que conta com o apoio do Projeto Criança Esperança da TV Globo. Por falta de recursos, em outras escolas, o aparelho é obtido por meio de parcerias entre Conselho Escolar e outros agentes locais. Essa doação estimula os alunos a elaborarem conteúdos a partir da realidade local. O projeto oferece ainda orientação para professores e estudantes.
A criação de rádio na escola é um resultado não previsto pelos idealizados da iniciativa. “O Rádio pela Educação começou como uma metodologia de educação a distância. O rádio era um recurso pedagógico, hoje é também ferramenta de mobilização ”, explica o coordenador de produção do Guia Pedagógico, Francisco César Souza Rego.
Há dez anos o projeto produz o programa Para ouvir e aprender. Com duração de 30 minutos, é veiculado três vezes por semana pela Rádio Rural. A programação, com temas voltados à área da linguagem das séries iniciais, é transmitida nas salas de aula de escolas públicas. Também é trabalhada pelos professores que recebem um guia pedagógico com orientações. O projeto atinge 6 mil crianças diretamente e 124 mil pessoas da comunidade indiretamente.
Em 2005, foi criada a Rede de Repórteres Educativos para que as crianças também participassem da programação. Hoje há um núcleo com 13 repórteres mirins. Outros 12 alunos fazem gravações de programas, lendo cartas ou contando histórias. Muitos desses estudantes são os coordenadores das rádios em suas escolas, replicando o aprendizado adquirido no Ouvir e Aprender aos colegas.
Dia-a-dia da Rádio Escolar
A Rádio Interativa BQ, da Escola Boaventura Queiroz, localizada na zona rural Planalto de Santarém, é coordenada pela estudante da 8° série, Kleiany Veras Tavares, 14 anos. A experiência como repórter educativa no programa Ouvir e Aprender ajudou a adolescente a implementar o veículo na escola.
Kleiany organiza o trabalho de uma equipe de 10 alunos. Eles dividem as tarefas para colocar no ar uma programação de 15 minutos, veiculada diariamente na hora do intervalo. Há espaço para informativos, entretenimento e cobertura de eventos na comunidade. Uma das últimas coberturas foi a 1° Mostra de Educação Ambiental.
Todas as etapas da rádio escolar são realizadas pelos estudantes, desde a produção até a operação da mesa de som. Para Andrei Correa, 13 anos, estudante da 7° série da Escola Municipal Ubaldo Correa, essa é a grande diferença entre participar do Ouvir e Aprender e da rádio escolar. “No programa, já vem tudo escrito. Na escola, somos responsáveis pelo roteiro, pela entrevista”.
No Rádio pela Educação, Andrei atua como locutor. Na escola, se reveza com os outros 14 alunos nas tarefas da rádio. Cada dia uma dupla faz a apresentação do programa. “Eu aprendi a interagir com alunos e professores. Passei a me comunicar mais com as pessoas”, afirma.
Já Kleiany observa também mudanças no comportamento dos outros alunos. “Através do rádio, eles perceberam que têm voz para reivindicar as coisas que não estavam certo na escola”. Como exemplo, comentou a conquista dos ventiladores nas salas após os alunos escreverem para a rádio.
De acordo com o coordenador pedagógico do Rádio pela Educação, a iniciativa tem contribuído não só para comunicação na escola, como também para a formação dos adolescentes. “Despertamos o protagonismo juvenil”, afirma.
Talita Mochiute
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